sábado, 17 de julho de 2010

Ararat, 2010














Inserido num grupo de 17 portugueses, fiz no passado dia 8 de Julho a ascensão do Monte Ararat, actualmente na Turquia, com uma altitude de 5137 a 5165m, consoante as fontes.

Embora eu seja sócio da Desnível, há que referir que esta actividade foi organizada pelo CAAL, do qual também sou sócio.

Tivemos muita sorte não só com o tempo, que esteve sempre propício, mas também com a organização local (a Middle Earth Travel, www.middleearthtravel.com) que nos forneceu guias de montanha, tendas, cozinheiro e apoio logístico com carrinhas e mulas (para acesso aos campos de altitude). É necessária autorização da polícia para subir a montanha, e pagam-se 50USD à federação turca de montanhismo. Não é possível subir o Ararat com um simples visto de turista. Na embaixada em Lisboa é necessário pedir uma autorização especial para ir ao Ararat. A zona é controlada por militares, e há barreiras na estrada que impedem o acesso de visitantes não autorizados.

A progressão nesta montanha é acessível, e a via clássica usada permite uma aclimatação suave em dois patamares: o 1º campo a 3200m, e o 2º a 4200m, donde se parte para fazer cume.
A nossa estratégia foi a seguinte:

dia 1 - marcha da base até ao campo 1 (3200m) e pernoita;

dia 2 - subida de aclimatação ao campo 2 (4200m) e pernoita no campo 1;

dia 3 - subida ao campo 2 e breve dormida;

dia 4 - arrancada para o cume às 02h00 e chegada ao cume pelas 07h00; descida e pernoita no campo 1;

dia 5 - marcha até à base e transfer para as carrinhas.

A cidade mais próxima com alojamentos é Dogubayazit, que dista cerca de 45 min por estrada do ponto de partida para a subida ao campo 1.

O Ararat não é particularmente difícil de subir, embora o troço do campo 2 até aos 5000m seja fortemente inclinado na parte inicial, o que o torna perigoso na descida. Há blocos de pedra muito solta de grandes dimensões, e na descida eu próprio dei uma queda bastante aparatosa que para minha surpresa não teve consequências físicas (à parte de uma ou outra nódoa negra).
Consegue-se subir sem crampons no verão, mas é sempre recomendável tê-los na mochila, pois acima do campo 2 entra-se em neves permanentes e em alguns locais, formam-se placas de gelo.

O Ararat é uma montanha muito bonita, um vulcão isolado num planalto quase infinito. O que o torna místico, pois avista-se de grande distância, mas torna as vistas no topo um pouco decepcionantes para quem está habituado aos Alpes ou aos Pirinéus (onde no cimo de qualquer cume se avista uma sucessão interminável de outros). Ali não é assim. Avistam-se distâncias muito grandes, sem obstáculos. Vê-se a Turquia, a Arménia (e a sua capital Yerevan) e o Irão. Infelizmente, não há mapas de qualidade da região, por ser uma área militarmente sensível, e as reproduções da montanha são muito limitadas (fotos de má qualidade).

Quem estiver interessado em mais informações, pode contactar-me.

2 comentários:

TPais disse...

Uii!Nem luvinhas nem nada!!Que luxo! ;)

Alpine disse...

Excelente Paulo. Parabéns! Espero em breve poder organizar uma saída a meias contigo. Um abraço.