domingo, 3 de julho de 2011

Raid Ilha Azul - São João no Faial











Na bela ilha do Faial disputou-se no passado fim-de-semana o Campeonato Nacional de Corridas de Aventura 2011 / Raid Ilha Azul onde a Desnível marcou presença com uma equipa no escalão Aventura.
Distribuído por oito etapas e 74 Controlos (CPs) ao longo de dois dias de prova numa distância total de 195 quilómetros (145 dos quais em BTT) e com um desnível positivo acumulado de 5.400 metros, o Raid Ilha Azul contou com a participação de 20 equipas, 8 no escalão de Aventura.

Depois de gorada a formação de uma equipa em Elite fruto da incompatibilidade de calendário da equipa habitual conseguiu-se formar in extremis uma equipa em Aventura juntando ao habitual Tiago Branco o veterano Gilberto Andrade e a estreante Isabel Boavida.
Confirmada a inscrição, enviámos o material mais volumoso no barco disponibilizado pela organização e, sem tempo para grandes planos ou sequer um treino conjunto, partimos rumo ao Faial.

Os objectivos foram definidos já a bordo do avião: divertirmo-nos q.b. e ir ao pódio no escalão Aventura Misto (mal sabíamos nós que não haveria o escalão Aventura Misto nesta prova apesar da maioria das equipas serem mistas).
Com estes objectivos em mente foi fácil definir a estratégia: a Isabel faria a canoagem e baldava as etapas de BTT, o Gilberto ficava com o segmento de Canyoning, o Tiago com o de patins em linha e nas restantes "dividíamos o mal pelas aldeias", que é como quem diz, pelas pernas que mais aguentarem.

Após uma visita aos Capelinhos e tempo (pouco) livre para preparar o material, apareceu a 1ª dificuldade da prova com uma inesperada etapa de "orientação sem mapa" ao tentarmos encontrar a tenda da organização de noite no meio do nevoeiro numa aldeia a 1000m de altitude onde se festejava o S.João apesar da chuva. O jantar demorou e o briefing foi feito já perto das 24h, com todos os participantes a quererem voltar ao pavilhão para descansar antes da prova.

Às 8h45 de Sábado foi dado o tiro de partida da prova com o segmento de natação na marina da Horta seguida de 30 Km de BTT até à zona de transição situada na Caldeira (a principal cratera da ilha, com 2Km de diâmetro a 900m de altitude) onde chegámos cerca das 11h30 já debaixo de forte chuva.
Aí fez-se a transição para a etapa rainha da prova - a etapa pedestre de 20Km circundando a Caldeira e percorrendo a bonita zona mas de difícil orientação das levadas. Não fosse a chuva e o nevoeiro e muitas fotos haveria desta etapa, assim, nem uma! Nesta etapa era necessário transpor uma ribeira por cordas paralelas que deu azo a muitas gargalhadas com algumas equipas a ficarem enroladas nas cordas de maneira inacreditável.
Chegando à zona de transição 4h depois e ainda debaixo de chuva iniciámos a etapa de BTT que nos levaria em 2h30 para a altitude mais suave (200m) do Parque Florestal do Capelo.
Aqui iniciou-se mais uma etapa pedestre (já sem chuva) pelo trilho dos vulcões onde subimos a 2 vulcões com 1 escuro slide/tirolesa na furna ruim pelo meio e terminando no cais dos capelinhos onde uma piscina natural convidava a um mergulho. Terminámos esta etapa a 1 min do fecho, às 20h44.
Nesta fase o relógio parou durante 1h para se fazer o transfer de autocarro de volta ao Capelo onde se iniciou a etapa nocturna de BTT.
A partida para o BTT fazia-se pela hora de chegada da pedestre pelo que fomos os últimos a partir e naturalmente os últimos a chegar (às 0h59, novamente a 1 min do fecho da etapa) à cidade da Horta onde havia a "pasta party" para repôr as energias. Escusado será dizer que a "party" já tinha terminado e todas as outras equipas estavam já a xonar. Nesta etapa tivémos um furo e foi necessário recorrer ao cabo de reboque do Tiago para recuperar o tempo perdido.

Nova neutralização, desta vez até às 6h30 hora a que começou a 1ª etapa de Domingo - uma montanha russa de 45Km feita em BTT - com um segmento de canyoning pelo meio e um "nº de circo" que obrigou o Tiago a pedalar com a 2ª BTT atrelada até ao fim do ribeiro para se continuar a etapa. Pensámos ter feito uma má opção mas esta acabou por ser a nossa melhor etapa. Ficou na memória de quem o fez o CP50, em que numa manada de vacas alinhada em 2 filas para a ordenha era aberta uma passagem pelo pastor para pedalarmos por entre a manada e "picar" o controlo. A interminável subida da praia de Almoxarife também ficou na memória mas por razões diferentes :-)
Com o calor que se fazia sentir a etapa seguinte de canoagem convidava ao passeio mas os 90min que tinhamos para fazer os 11Km de kayak não deixavam margem para relaxar.
Para terminar faltava apenas a etapa pedestre na cidade da Horta, com segmento de patins em linha e trikke no porto e um rapel (que quase ninguém fez) num barranco próximo.

O resto do dia foi passado a embalar o material para o barco, jantar de encerramento com actuação do grupo folclórico de Pedro Miguel e gins tónicos no Peter acompanhados do famoso bolo de chocolate para relaxar os músculos. Houve quem preferisse aventurar-se nos arraias sãojoaninos que ainda se ouviam pelos arrredores.
Na segunda-feira fez-se a recuperação activa subindo, uns relaxados outros desenfreados, ao ponto mais alto de Portugal em ambiente de festa.

Como nota final destaco a opinião unânime de que se tratou de uma das melhores provas de sempre do calendário nacional fruto do excelente trabalho da organização e das entidades envolvidas, das condições naturais extraordinárias que têm as ilhas e do ambiente de camaradagem que se gerou entre as equipas.

"Gin" Geraldo



P.S. As Corridas de Aventura regressam a 11 e 12 de Setembro na Serra da Estrela e a ADA Desnível voltará a ter equipas a competir. Se estiveres interessado em participar contacta a desnível.