segunda-feira, 1 de março de 2010

Garganta de Loriga, Serra da Estrela.

No fim de semana de 20 e 21 de Fevereiro proporcionou-se uma ida à serra da Estrela.

Houve alguma hesitação na concretização da ida pois a previsão meteorológica não era famosa, e ainda há umas duas ou três semanas atrás lá tinhamos estado, num fim de semana que se revelou de chuva e nevoeiro, onde não deu para escalar nada de corredores nem cascatas.

Desta vez optou-se por fazer uma pequena marcha, sem pretensões de escalada, já para evitar prováveis decepções.

De várias possibilidades consideradas escolheu-se fazer a subida da Garganta de Loriga no sábado, e respectiva descida de regresso no domingo.
Como não sabíamos o que esperar quanto a neve ía-mos preparados para abortar a actividade em qualquer altura e voltar para baixo.

Saímos de Cascais na noite de sexta e chegámos já bem tarde a Loriga. Decidimos entrar com a viatura pela picada que leva ao início do trilho e procurar um local plano para montar a tenda. Surpreendeu-nos a neve, que não esperáva-mos encontrar tão em baixo.

Nessa mesma noite nevou e a tenda amanheceu assim, poucos metros acima da estrada de alcatrão da Loriga.

















Desmontámos a tenda, arrumámos as mochilas e começámos a subida do trilho da Garganta de Loriga, numa manhã onde o sol até espreitou por entre as muitas nuvens, mas ainda assim com melhor tempo do que o "anunciado" no site do Instituto de Meteorologia.


Um pouco mais acima, num local chamado Eira da Pedra depará-mo-nos com esta vista


Via-se mais neve do que esperávamos.


Chegada ao Covão da Areia, ainda com algum sol por entre as nuvens e sem vento.

Barragem antes do Covão do Boieiro. A partir daqui foi onde a neve estava menos dura e onde a marcha foi mais lenta. Apesar de tudo estava bem acamada e não enterrámos mais do que a bota. Avançámos quase até à estrada mas como não tinhamos especial vontade de ver domingueiros nem filas de carros, decidimos arranjar um local plano para montar a tenda, encoberto das vistas da estrada.

Montámos a tenda num local de onde não seria vista da estrada, mas com o nevoeiro que começáva a adensar-se também não nos veriam de qualquer modo, nem que estivéssemos na berma.

Aí a partir das 20 horas a previsão meteorológica começou a fazer-se cumprir e levantou-se grande ventania e começou a nevar, o que durou a noite toda, com alguma intensidade.

De manhã o manto de neve tinha aumentado cerca de uns 30 cm, e parecia que tinhamos a tenda montada num pequeno poço. Apesar de tudo a tenda não ficou coberta de neve, como seria de esperar.

A visibilidade era muito má, estávamos completamente dentro do nevoeiro, e desmontámos a tenda debaixo de uma pequena borrasca, que nos acompanhou durante parte da descida.

Esta última fotografia foi tirada no momento da descida em que o nevoeiro abriu, já abaixo dos covões.

À laia de conclusão, o fim de semana rendeu mais do que se esperava. Se por um lado temíamos que o estado da neve nos impedisse de progredir, devido à sua espessura, o que vimos conforme fomos subindo não nos deixou mais optimistas. No entanto à medida que íamos progredindo o manto de neve revelou-se suficientemente duro para permitir uma marcha a velocidade razoável. Nem sempre se viu o trilho e por muitas vezes progredimos por onde nos pareceu possivel, no entanto, de quando em quando, lá se viam alguns penitentes e os habituais traços a vermelho do percurso. Em algumas alturas lá um de nós se enterrou até à cintura nalguns locais e lá se meteu um pé na água noutros, mas face ao que esperávamos foi negligenciável. Fez-se perfeitamente e foi divertido.

A marcha foi feita sem raquetes nem skis, e também não foi preciso nunca recorrer aos crampons. Levámos batons.

No sábado subimos apenas de forro-polar pois não nevou nem fez vento e até houve sol, mas no domingo descemos já de goretex vestido, calças e casaco, e com neve a cair.

Curiosamente, ou não, apesar da neve que caiu durante toda a noite e continuou a cair durante a nossa descida, havia muito menos neve no solo abaixo do Covão da Areia. Penso que a precipitação a aquela altitude tenha sido de chuva e derretido a neve que aí havia.

Foram dois dias bem passados, num ambiente de montanha bem giro.

Só quando chegámos à Loriga e fomos ao café soubemos que estavam a fechar a Torre e a mandar descer as pessoas, e que havia 4 tipos perdidos. Segundo o fulano do café tinha sido uma noite de forte temporal na Serra da Estela. De seguida soubémos o que se tinha passado na ilha da Madeira.

2 comentários:

Luís Baptista disse...

Que tipo de saco cama usam sob estas condições?

PNCosta disse...

No meu caso uso o que tenho para Inverno... é um saco-cama de penas da "Mountain Equipment", um modelo chamado "SnowLine". O do meu parceiro nem reparei o que era!
Acho que o meu saco até e demasiado extremo para estas condições. Apesar de tudo não estava muito frio. Se calhar não ajudei muito, mas acho que para Inverno português há muita coisa no mercado que é suficiente.