Via-se mais neve do que esperávamos.
Chegada ao Covão da Areia, ainda com algum sol por entre as nuvens e sem vento.
Barragem antes do Covão do Boieiro. A partir daqui foi onde a neve estava menos dura e onde a marcha foi mais lenta. Apesar de tudo estava bem acamada e não enterrámos mais do que a bota. Avançámos quase até à estrada mas como não tinhamos especial vontade de ver domingueiros nem filas de carros, decidimos arranjar um local plano para montar a tenda, encoberto das vistas da estrada.
Montámos a tenda num local de onde não seria vista da estrada, mas com o nevoeiro que começáva a adensar-se também não nos veriam de qualquer modo, nem que estivéssemos na berma.
Aí a partir das 20 horas a previsão meteorológica começou a fazer-se cumprir e levantou-se grande ventania e começou a nevar, o que durou a noite toda, com alguma intensidade.
De manhã o manto de neve tinha aumentado cerca de uns 30 cm, e parecia que tinhamos a tenda montada num pequeno poço. Apesar de tudo a tenda não ficou coberta de neve, como seria de esperar.
A visibilidade era muito má, estávamos completamente dentro do nevoeiro, e desmontámos a tenda debaixo de uma pequena borrasca, que nos acompanhou durante parte da descida.
Esta última fotografia foi tirada no momento da descida em que o nevoeiro abriu, já abaixo dos covões.
À laia de conclusão, o fim de semana rendeu mais do que se esperava. Se por um lado temíamos que o estado da neve nos impedisse de progredir, devido à sua espessura, o que vimos conforme fomos subindo não nos deixou mais optimistas. No entanto à medida que íamos progredindo o manto de neve revelou-se suficientemente duro para permitir uma marcha a velocidade razoável. Nem sempre se viu o trilho e por muitas vezes progredimos por onde nos pareceu possivel, no entanto, de quando em quando, lá se viam alguns penitentes e os habituais traços a vermelho do percurso. Em algumas alturas lá um de nós se enterrou até à cintura nalguns locais e lá se meteu um pé na água noutros, mas face ao que esperávamos foi negligenciável. Fez-se perfeitamente e foi divertido.
A marcha foi feita sem raquetes nem skis, e também não foi preciso nunca recorrer aos crampons. Levámos batons.
No sábado subimos apenas de forro-polar pois não nevou nem fez vento e até houve sol, mas no domingo descemos já de goretex vestido, calças e casaco, e com neve a cair.
Curiosamente, ou não, apesar da neve que caiu durante toda a noite e continuou a cair durante a nossa descida, havia muito menos neve no solo abaixo do Covão da Areia. Penso que a precipitação a aquela altitude tenha sido de chuva e derretido a neve que aí havia.
Foram dois dias bem passados, num ambiente de montanha bem giro.
Só quando chegámos à Loriga e fomos ao café soubemos que estavam a fechar a Torre e a mandar descer as pessoas, e que havia 4 tipos perdidos. Segundo o fulano do café tinha sido uma noite de forte temporal na Serra da Estela. De seguida soubémos o que se tinha passado na ilha da Madeira.
2 comentários:
Que tipo de saco cama usam sob estas condições?
No meu caso uso o que tenho para Inverno... é um saco-cama de penas da "Mountain Equipment", um modelo chamado "SnowLine". O do meu parceiro nem reparei o que era!
Acho que o meu saco até e demasiado extremo para estas condições. Apesar de tudo não estava muito frio. Se calhar não ajudei muito, mas acho que para Inverno português há muita coisa no mercado que é suficiente.
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