segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Breve contributo para a história da escalada em Portugal

Não podemos iniciar uma breve resenha da história da montanha em Portugal sem recuar umas centenas de anos, em concreto a 1624, quando o Padre António de Andrade iniciou a sua primeira demanda do “Gran Cathayo”, atual Tibet, onde regressaria em posteriores incursões até 1630. Este himalaísta improvável, missionário dedicado, passou diversas portelas de montanha, entre os 5.600 e os 6.000 metros, nem todos devidamente identificados, numa das quais terá ficado temporariamente cego, com oftalmia originada pela neve a grande altitude, apoiado por dois tibetanos que lhe permitiram a salvação. Durante um século permaneceu o único europeu a penetrar no Tibet, e os seus notáveis percursos foram praticamente ignorados na europa (até mesmo em Portugal) até ao séc. XX. De referir ainda que este record de altitude português resistiu mais de 300 anos, até à atual fornada de himalaístas nacionais, iniciada por Gonçalo Velez . A expedição científica de 1881, em que participou o Dr. Sousa Martins, médico dos pobres, está amplamente documentada, e viria a repetir-se em 1883. Livros da viragem do séc. XIX para o XX, como o “Gerez” de Tude de Sousa ou os “Santuários de Montanha” do seu contemporâneo Francisco Gomes Teixeira, sugerem longas viagens não só pelas serras do Norte de Portugal, como pelos Pirenéus, Alpes e outros maciços . A história recente da escalada em Portugal passa necessariamente pelo norte do país, onde já em 1920 existe registo de escaladas no Alto da Pena (V.N. de Cerveira) pela mão do Dr. Jorge Santos (falecido em 1964, data em que lhe foi prestada uma homenagem nas paredes de Valongo, com várias cordadas de Lisboa presentes). Nesta década funda-se o grupo “Os Serranos”, e em 1932 nasce o “Grupo Excursionista de Ar Livre”. Jorge Santos faz ainda parte da “Tribo Alpina Campista”, criada em 1937. Em 1930, já Jorge Monteiro, de Coimbra, escalaria nas fragas de Penacova, alongando-se até á serra da Estrela nos anos 50. Em novembro de 1943, Jorge Santos foi o grande impulsionador da fundação do CNM (Clube Nacional de Montanhismo). Na fase imediatamente posterior à fundação do CNM, existem recuados documentos fotográficos de montanheiros históricos, como as do rude Lau (foto 1), datadas de 1947, ou ainda anteriores a 1940, como as do José Figueiredo Páscoa (o José do Desterro). Presumivelmente, o CNM deverá ter no seu acervo fotográfico ampla documentação, de que fazem parte invariavelmente imagens fantásticas de inúmeros rapel. Jorge Santos, médico do Porto, fez a sua formação de Guia em França (e em Portugal com guias CAF) e foi sem sombra de dúvida o grande impulsionador da escalada em Portugal. Trazida a sua experiência para Portugal, Jorge Santos veio a formar muitos outros montanheiros, a maioria no Porto (com relevante atividade nas fragas de Valongo, Gerês, etc.), mas também alguns a sul, como o Guia Lázaro (foto 2), apaixonado pela Arrábida, que por sua vez lançou na modalidade outros escaladores, entre eles o próprio filho, Ferrer, Daniel Crespo, Armando Condinho (um verdadeiro “inventor” de material técnico, sobretudo de espeleologia, contemporâneo de Petzl), Carlos Santos Vieira, Maldonado, Galvão, Amândio, José Ilídio, José Manuel Coelho, Álvaro Vital Moreira, Armando Cardoso, Ausenda, Humberto, etc. Rogério Caldeira, fundador da “Marcha dos Veteranos”, escalou com Jorge Santos e com a filha deste, Ermelinda Santos, sendo um montanheiro que muito bem estabeleceu a ligação entre gerações, pelo que muitos de nós ainda tivemos o prazer de atividades com este histórico. O CNM, enquanto polo aglutinador de pessoas e iniciativas, serviu também de disseminador da modalidade, vindo mais tarde a criar secções regionais na Covilhã, mais dedicada ao ski, mas também com escalada (com ampla e documentada história, anterior ao CNM), e também em Lisboa, esta com vida intensa dedicada à rocha, mas algo efémera, até à destruição da sua sede pela CML. Montanheiros portugueses começam uma ampla interação com Espanha através da participação nos encontros de alta montanha dos Pirenéus (junho de 1968) e dos Picos da Europa (agosto de 69), que viriam a repetir-se ao longo das décadas seguintes . Outros clubes marcaram a atividade a sul, já nos anos 70, como a secção de montanha do CCL (clube de campismo de Lisboa, foto 4) e o posterior MCJ (Movimento de Criatividade Juvenil). Paralelamente, na Madeira, um outro médico, Dr. Rui Silva (1919 – 2011) desenvolveu, após a sua licenciatura no continente e regresso à ilha da Madeira, intensa atividade de escalada basáltica, quer livre (foto 12), quer artificial (que ele designava como escalada “em cerco”) sobretudo entre os anos 40 a 70. Realizou pelo menos uma incursão aos Alpes em 1966, onde apesar de uma tentativa de conquista do cume do Cervino, esta não se concretizou, continuando este icónico cume a resistir a mãos portuguesas por mais 16 anos. Rui Dantas era membro assíduo da cordada de Rui Silva e terá ampla informação sobre o mesmo. Fica por esclarecer o contacto que manteve com escaladores “continentais”, até à conclusão do curso de Medicina em 1942 (Lisboa), mas é muito provável que estes não tenham sequer ocorrido . As atividades de escalada na região de Lisboa, devidamente documentadas fotograficamente, remontam a 1956. A espeleologia e a escalada, a sul, andaram sempre de mãos dadas ao longo desta década, quer no seio da SPE (espeleologia), quer mais tarde no CNM (secção sul, anos 60) e grupo de montanha do CCL (anos 70). Em meados de 50 as atividade de escalada eram intensas, sendo de Setembro de 1956 a 1ª escalada, documentada, do Penedo dos Ovos, um desprotegido monólito com final em diedro na quinta da Penha Longa (foto 3, esta datada de 1964). O movimento de montanha em Portugal (dado o seu caráter “jovem”) era enquadrado não só na obrigatória e omnipresente “Mocidade Portuguesa”, mas também no seio de grupos ligados ao campismo dito “desportivo”, que era praticado, por exemplo, na Escola Comercial Veiga Beirão, onde em 1962 se realizou um 1º curso de escalada. Os núcleos da Mocidade evoluíram para as BEC’s, Brigadas Especiais de Campo, que integravam escalada, espeleo e mergulho (todas consideradas, na época atividades “limite”, associadas a risco relevante, a par ainda do pára-quedismo, voo com monomotores e planadores). Eram frequentes as atividades duplas na Arrábida, de escalada e mergulho . Neste quadro de desenvolvimento da modalidade e de busca de novos desafios e paredes, tem lugar em março de 1965, uma marcha de reconhecimento à Praia da Ursa permitiu realizar as primeiras fotos e esboçar alguns desenhos, com o objectivo de vir a concretizar a escalada do isolado monólito da Ursa. Esta viria a concretizar-se um ano mais tarde, já na Primavera de 1966, depois de duas tentativas falhadas. A equipa de 3 jovens escaladores, da nova vaga irreverente, que se designava a si própria como cordada “Tensing”, era constituída por Luis Filipe Baptista, (figura impar e dinamizador incontornável deste período, já falecido), Santos Vieira e Júlio Valente (ambos ainda com atividade de escalada em 2015, apesar de já ultrapassarem os 65 anos). Para esta escalada foi montada uma tirolesa junto à escada dos pescadores, para permitir a retirada com maré cheia (e que veio a ser utilizada na descida), tendo-se iniciado a subida cerca das 5 da manhã. A escalada foi amplamente documentada com fotografias em vários pontos da subida, obtidas por Armando Cardoso, outro histórico que também acompanhou esta abertura da via, desde o planalto fronteiriço. Numa das mais bonitas fotos, vêm-se dois dos escaladores no topo da Ursa, em pé, já depois de terem martelado moedas com as iniciais dos “conquistadores”. Esta prática “numismática”, que aqui se iniciou, veio a perdurar ao longo do tempo, durante 20 anos, e ainda no início dos anos 80 se mantinha, enquanto se usou martelo para escalar a Ursa. Num apontamento curioso, referir que com a derrocada de parte do topo da Ursa, ocorrida a 23 de Abril de 2011, um destes blocos com moedas cravadas veio parar à base da Ursa, tendo sido recuperado pelo geólogo Paulo Alves, encontrando-se agora preservada e em exposição num clube de Cascais (foto 24) . A serra da Estrela, a par da exploração de novos locais e fragas, continuou sempre a ser um polo de atração, para montanheiros de norte a sul, numa altura em que as distâncias eram bem mais demoradas a percorrer. Com a pouca motorização do país, a estação da Covilhã permitia um acesso fácil e relativamente rápido através do comboio noturno (foto 15). Mas a par da sempre demandada serra da Estrela, já desde 1960, mas sobretudo a partir de agosto de 1971, a barragem de Santa Luzia torna-se local de paragem obrigatória a caminho da referida Estrela, ano após ano, com o grupo de históricos vindos de Lisboa a fazerem 3 a 4 dias de escalada. As várias paredes então identificadas como adequadas, apresentavam alturas de até 250 metros e dificuldades até ao 5º grau Inf (eram menosprezadas as pequenas falésias de 15 ou 20 metros). Nas várias técnicas ali praticadas, contam-se a escalada livre e artificial, passamãos (a designação, à época, para corrimão), rapel Dulfer e Valaisanne e até treino de transporte de feridos (Registos de exploração e arquivo fotográfico de Alexandre Lugtenburg de Garcia, originais inéditos, 1971, 1972, 1973, ver foto 6) . De 5 a 7 de agosto de 1972, Santa Luzia é palco de uma das saídas de um curso de monitores organizado pelo Secretariado da Juventude, em que o responsável técnico pelo curso foi o Guia de Montanha suíço Alphonse Darbelay. Deste curso, iniciado na Arrábida e que de Santa Luzia prosseguiu para a Estrela, como seria lógico, teve como alunos alguns dos históricos do montanhismo português (Orlando Garcia, Américo Abreu, Julio Jorge Valente, Vitoria Lopes, Alexandre Lugtenburg de Garcia, José Pedro Lopes e Paulo Alves) alguns ainda ativos na montanha no presente (foto 7) . O orientador do montanhismo no Secretariado da Juventude, em 1972, era Orlando Garcia, que tinha conhecido o Guia Michel Darbellay na Suíça. Como o Michel não podia vir dar o curso veio o irmão Alphonse (eram 4 irmãos, todos Guias) . De referir que em 1973, na barragem de Santa Luzia, já era realizada a Via dos Ferros, clássica de 100 metros cotados como V-, enquanto na serra da Estrela, além das vias de neve (foto 8, Paulo Alves) a via das Chaminés Largas (o primeiro troço da “posterior” via Luso galaica, do Santiago Suarez Alonso, de Vigo, com dois elementos do CNM Porto, em 26 de maio de 1978) já se tinha tornado um clássico, muito antes de ser cruzada pela cordada luso-galega, com a sua entrada de aderência desprotegida (IV+, actualmente com plaquete) e a bela saída de chaminé, também sem proteção possível (foto 9, Américo Abreu na Chaminé Larga em 1973) . Deste grupo, os mais virtuosos e dedicados evoluíram enormemente, com um nível técnico até aqui impensável. Uma cordada concretiza a 1ª escalada da Noiva, (face leste, a atual do rapel) em 10 de maio de 1971, Américo Abreu, em conjunto com Morais, Alexandre Lugtenburg de Garcia e Gaspar, este o mais experiente à data e que liderou na maior parte da via (foto 5). Paulo Alves viria a abrir a face sul com Luis Amaral e Luis Severo Alves em 5 de junho de 1976, com bivaque inesperado no topo, sem água (abertura da via normal, actualmente utilizada) e veio a revelar-se o mais consistente e duradouro deste grupo, a par de nomes como Jinho (João Cardoso), Vasco Consiglieri Pedroso, Carlos Teixeira e outros. Embora com uma carreira menos consistente ao longo dos anos e de menor nível técnico, devemos ainda acrescentar nomes míticos da montanha em Portugal, como Tuxa, Fanan, Boizana, Carlos “paraquedista” Martins e muitos outros que foram deixando o “meio” ao longo dos anos (todos presentes na foto 15, Covilhã). Além-mar, o então ainda território português da ilha de São Tomé vê a torre extraordinária do Pico Cão Grande, com quase 500 metros de parede, ser assediada desde 1971, para ser culminada a 5 de agosto de 1975 por Jorge Trabulo Marques e o local Cosme, com recurso a longas estacas de ferro, cordas de cânhamo fixas reforçadas com arame e até a uma escada, após várias tentativas anteriores fracassadas e sem qualquer conhecimento das técnicas “europeias”, apenas com recurso a improvisação e meios locais. (foto 11). Aparentemente, este pico apenas foi repetido em 2016, 41 anos depois da sua escalada (expedição Adidas Outdoor, com Gareth Leah e o mexicano Sérgio Almada), embora existam notícias não confirmadas documentalmente de uma possível escalada italiana em 2001 e anteriores tentativas não concretizadas italianas (1982) japonesas (1985 e 1991) e espanholas (2014). Jorge Trabulo Marques viria a sofrer um acidente num regresso ao vizinho Cão Pequeno aos 72 anos de idade (2016), sobrevivendo com problemas de saúde acrescidos ao internamento hospitalar subsequente . Neste contexto evolutivo, em 1978, Paulo Alves frequenta um curso de guias na Suíça, sem direito a titulação de Guia (proteção da profissão por parte dos suíços) onde estava o Michel Darbellay, irmão do professor que dirigiu o curso de 1972 em Portugal. Realiza várias ascensões importantes no Valais. Durante décadas, é o alpinista português mais bem preparado para uma diversidade de terrenos e situações. Neste contexto, importa ainda referir o projeto de Paulo Alves com Alex (Alexandre G. Garcia) e José Amorim na Arrábida, daquela que foi talvez a 1ª “big Wall” portuguesa, a via Alampa (Alex, Amorim, Paulo) por cima do Fojo dos Morcegos. O projeto era de tal modo ambicioso para os meios disponíveis na época que a abertura da via, com mais de 200 metros, se arrastou entre maio de 1974 e junho de 1979 (foto 10) . Neste mesmo ano de 1979, uma cordada de jovens pouco experientes, oriundos da espeleologia, Luis Fernandes (foto 13) e Rogério Morais, na sequência de uma deslocação a Paris para aquisição de material (inexistente em Portugal), prosseguem à boleia para Chamonix. Aqui lançam-se sem aclimatação ao cume do Monte Branco, na tardia data outonal de 4 de outubro, via Grands Mullets e com impensável dormida no refúgio Vallot. A ousadia paga-se com uma perigosa tempestade na descida, pós cume, no limite da sobrevivência, entre avalanches e visibilidade nula. Inacreditavelmente, o 2º realiza toda a ascensão (e descida!) sem possuir crampons, apenas com piolet alugado (foto 14). A rivalidade com o Porto agudiza-se com este cume para o Sul (até então com clara supremacia a Norte) . Em 1982, ainda o dinâmico Paulo Alves lidera duas cordadas que atingem com sucesso o cume do Cervino, realizando a 1ª nacional (P. Alves, Pedro Cid, Jorge Matos e Rogério Morais). A aresta de Hornly, muito nevada para agosto, demora 9 horas a ser escalada e 9h30 na descida, com alguns impactos de pedras a atingirem os escaladores, no entanto sem fraturas. Terminam a escalada ao crepúsculo e baixam do refúgio pela noite fora (foto 16). Anos mais tarde, a primeira portuguesa a atingir este cume seria Paula Ferreira, em cordada com Paulo Roxo e outra cordada lusa . Várias outras ascensões alpinas importantes marcam esta década de 80, generalizam-se gradualmente as deslocações até aos Alpes por parte de portugueses. A informação, até aqui muito escassa e limitada a alguns livros, começa a fluir sem restrições, um pouco como a qualidade e quantidade do material técnico disponível. Vários portugueses frequentam exigentes acções de formação em Espanha e sobretudo em França (CAF e ENSA, école nationale du ski et alpinism). São alcançadas várias titulações e brevets internacionais, desde 1982 (foto 18) e alguns portugueses passam a fazer parte dos corpos formativos sazonais do CAF, com desempenho de funções de iniciadores e instrutores nos Alpes ao serviço do clube francês, como parte do desempenho anual obrigatório para prosseguimento da própria certificação . Começam a surgir outros núcleos fortes de montanha ao longo da década de 80, com destaque para o clube de montanhismo da Guarda (com Vítor Baía ainda bem agarrado à rocha, e não apenas aos modelos meteorológicos ou às asas planadoras), que viria a acolher o promissor jovem João Garcia (foto 19). Vila Real incentiva tanto a escalada como a marcha de elevado desempenho, o clube de campismo do Barreiro abre as primeiras vias na Fenda da Arrábida, em maio de 81, em cordada mista Barreiro -Lisboa, Faro descobre a Rocha da Pena e Moncarapacho (este núcleo a Sul sobretudo pela mão sobretudo de Pedro Cuíça), começando a disseminar-se núcleos de escalada de norte a sul. À Meadinha junta-se a parede da Nédia, junto a Tibo (ensaiada parcialmente pela cordada de Pedro Cid e concretizada pelo Pedro Pacheco) e o Bico do Patelo (foto 21), pela mão dos ativos irmãos Pacheco, entre muitas outras. Na Guarda é parcialmente equipada a parede da barragem do Caldeirão, e escalada mais a Norte a imponente face do Penedo Durão (este núcleo da Guarda viria a concretizar a primeira escalada nacional da parede Oeste do Naranjo de Bulnes, meados de 80, onde ainda em 99, Francisco Ataíde e Sérgio Martins abririam uma nova via, a "Quinto Império"). Na Redinha surge uma escola de escalada e a Serra de Valongo multiplica exponencialmente ao longo de 30 anos as primeiras vias traçadas já desde 1950. Todas estas novas escolas de escalada equipam-se com base no raro piton clássico, complementado com algum entalador, e ainda não com plaquetes (muito menos tiges). Aparecem os primeiros pitons de expansão e pernos isolados, que antecedem o spit. Muitas vezes o perno isolado (apenas a cabeça sextavada) é montado e completado com um cabo de aço de um pequeno entalador, para permitir a passagem de um mosquetão. O início dos anos 80 marca também o aparecimento dos ténis Sanjo no granito, que permitiu outro á vontade em dificuldades de até VI+ (é aberta a In Extremis na Amizade) e em meados da década entram os pés de gato, vindos da vizinha Espanha, em concreto o modelo Boreal Firé, que apesar da camurça vermelha que alargava com a utilização, permitiam maravilhas. A conjugação de um elevado nível técnico, novos materiais, mas também a ousada utilização do sempre fiável martelo e piton permitiram abrir vias de elevado empenho e envolvimento, por exemplo a “normal” do Espinhaço (Cabo da Roca) em 19 de setembro de 1981 (Paulo Alves e Carlos Teixeira), com um delicado filão em escalada artificial, “Direita” em 84, “Mancha Branca” em 85 e a “Trânsatlantica” em 87. Na Serra da Estrela traçam-se ambiciosas linhas nas fissuras mais ousadas, quer no Cântaro Magro, quer no Poio dos Cães ou Pedra sem Nome. Finalmente entram em Portugal os primeiros entaladores (já antes bricolados pelo Fanam) que trazem consigo conceitos de escalada limpa e o gradual abandono do piton e martelo. Paulo Alves era um dos detentores da mestria do fabrico de magníficas cunhas de madeira de freixo, encastradas á custa de martelo, uma das quais perdurou décadas na “via da cunha velha”, cântaro magro. Foi também um dos grandes impulsionadores da escalada limpa . Curiosamente, esta filosofia de escalada limpa durou menos de 10 anos, com a generalização posterior (e enorme escândalo para os puristas!) dos spits e plaquetes em toda e qualquer parede, mesmo mais puro, liso e virgem granito. Até degraus se abriram a martelo na Amizade, por exemplo. Foi o fim do reinado exclusivo da escalada clássica (a única até esta década) . Ainda nos anos 80 iniciam a prática da escalada nomes muito jovens e promissores, que marcariam a evolução em rocha nos anos seguintes. O falecido Pardal (foto 17), João Gaspar, José Carlos e José Maria, Flau, Emílio, António Vale e Paulo Gorjão, entre outros. Este último assiste em Gredos, embora sem participar ativamente no resgate, à tentativa de salvar com vida uma cordada de dois escaladores do Porto, caídos ao longo de umas centenas de metros abaixo do Almanzor (da portilla Bermeja para baixo). Daqui viria a resultar a 1ª morte nacional ligada à escalada, Henrique, mas com sobrevivência do outro elemento da cordada portuense, Garcia. No salvamento, muito demorado e a arrastar-se ao longo da noite até às 4 da madrugada, participam vários espanhóis 3 alemães e 2 portugueses, números muito reduzidos para assegurarem e terem de transportar sozinhos duas macas antiquadas a descer gelo vivo, idealmente com 7 pessoas alocadas a cada uma delas. Os companheiros da cordada acidentada não puderam participar, uma vez que estavam bloqueados pelo gelo e terror gerado pela visão da queda da malograda dupla. O heli da Guardia Civil a surgiria apenas já avançada a manhã do dia seguinte, 31 de dezembro de 1982. Ainda em 1982, deve ficar registada a montagem daquela que terá sido a montagem da primeira estrutura artificial de escalada em Portugal, na Nauticampo de 82, antiga FIL, pela mão de Luis Filipe Batista, José Pedro Lopes e Júlio Jorge Valente. Este último promove, em especial desde o seu acidente de 1984 até aos dias de hoje, valiosa recolha histórica, documental e fotográfica, não só na vertente jornalística como de verdadeira investigação, e onde fomos beber boa parte da informação aqui recolhida . Com a década de 90, assistimos a outro desbravar da história da montanha portuguesa, com a conquista do primeiro 8.000 por um português (Annapurna, 23/10/1991) através de perigosa alternativa à via normal. Já no Pico Korjenyevska (7104 metros), Gonçalo Velez (foto 20) tinha dado boas indicações que que a altitude lhe era um meio pouco adverso (se é que o pode ser). Curiosamente, este mesmo perigoso Annapurna seria o 14º pico de 8.000 com que João Garcia (foto 19) encerraria em 2010 o seu périplo dos 14 grandes (1º português a fazê-lo, 10º mundial sem oxigénio). João Garcia, que começou estes 14 cumes com o Cho Oyu em 1993, viria a atingir o Everest em 1999, com danos físicos devido a congelamento de mãos, pés e nariz. Esta corrida nacional pelo Everest reavivou a rivalidade Porto / Lisboa, com Pedro Pacheco a realizar tentativas de cume em 1992 e 1994, com records de altitude nacionais, sempre no outono, mas sem sucesso no cume. Com início de carreira já nos anos 80, Pedro Pacheco, que desbravou sobretudo paredes na Peneda e Gerês, alcançou algumas vias muito interessantes nos Alpes, como sejam o Esporão Bonatti no Dru, o Frendo no Midi e o Brenva no Monte Branco. Realiza atividades de destaque no Aconcágua, no Mawenzi (Kilimanjaro)e no Monte Quénia. Neste mesmo Monte Quénia, anos mais tarde, Paula Ferreira e outros portugueses viriam a realizar cumes e bivaques que ficam gravados na memória . A Meadinha, na Peneda, era sobretudo um feudo de galegos habituados ao “graton” do Budiño, e Pacheco conseguiu realizar algumas vias relevantes de assinatura portuguesa, sobretudo em paredes mais isoladas e inacessíveis do que a Meadinha. Pedro Pacheco inicia ainda uma linha de escaladores que se “profissionalizam”, passando a viver maioritariamente da escalada ou de atividades conexas (por exemplo, muito mais tarde, Pedro Guedes, Nuno Curto e numa vertente empresarial, o “clássico” Gonçalo Velez, além dos incontornáveis João Garcia e Paulo Roxo). Ainda no que diz respeito à grande altitude, agora no género feminino, surge a figura incontornável de Daniela Teixeira (foto 22) com as suas conquistas de vários 7.000. Do Gasherbrum ao Korjenevskaya (primeiro 7.000 feminino português) passando pelo Cho Oyo (8.021) ou por novos cumes virgens, como o Kartik ou Kapura Sul (nova via) sempre em cordado com o já “clássico” Paulo Roxo . Também em Lisboa, Isabel Boavida (foto 23, la Meije) desbrava caminho dentro e fora de portas, ao atingir 8a “feminino” (2007), já depois da primeira de várias e inovadoras “Rock Trips” pela Austrália, a que se seguiram USA (costa a costa) e Canadá, Marrocos ou Sardenha. Cumes míticos como a Meije ou a Dibona, são alcançados pela portuguesa, com prováveis primeiras femininas, agora em duras vias de 6a, (Dibona já escalada por portugueses em 1983, então na fácil fase das vias “normais”, e alguns anos depois pelo Pedro Pacheco, via dos savoyards 6a, anos 90), juntam-se a uma longa lista de surpreendentes itinerários em Yosemite, Utah ou nas incontornáveis agulhas de Chamonix, cujo granito lhe parece agradar especialmente. No campo masculino, muitos nomes adquirem projeção internacional, que por si só requerem nova década e justificam novo artigo pela nova geração, já fora do âmbito desta curta recolha: Francisco Ataíde, Sérgio Martins, André Neres (9a), Ricardo Alves, Carlos Cuca Simas, Filipe Costa e Silva, Pedro Martinho, Miguel Grilo e tantos outros que continuam a forçar grau em novas paredes como Sagres ou Casal Pianos, mas também no estrangeiro . Uma longa história, a da escalada em Portugal, a ser escrita a cada dia que passa. Fotos e acervo pessoal de Armando Cardoso; Júlio Valente; Carlos Santos Vieira; Rui Silva; Alexandre Garcia, Paulo Alves; Luis Fernandes; Jorge Matos; Paulo Roxo e R. Morais. Rogério Morais, dezembro de 2016

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Utilização de bastões em ambiente de montanha

Nas minhas deambulações pela montanha (e também pela planície) vou observando muitos montanheiros utilizando bastões, mas nem sempre tirando pleno rendimento dos mesmos. Na realidade, são mais as pessoas que passeiam os bastões do que aquelas que retiram efectivo proveito total do seu uso, ou pelo menos aproveitam uma boa percentagem das variadas capacidades desses apêndices. Até em formações de montanha ou sobretudo “trail camp’s da moda” se ouvem grandes barbaridades sobre a utilização de bastões. Daí achar que faz sentido trazer-vos estas linhas, de modo a que, gradualmente, cada um de nós possa tirar cada vez mais proveito da sua utilização (e tomando consciência de que o uso dos bastões também tem aspetos negativos, mas lá iremos, para não desmoralizarem desde já). Das várias vertentes existentes de aplicação de bastões (ski, enxota cães, bastonada, montagem de tendas, etc.) iremos focar-nos sobretudo na sua utilização em caminhada e em altitude, aquela que mais dúvidas e falta de consenso suscita. Um pouco de história do bastão: se explorarem fotos ou ilustrações de montanha antigas, irão facilmente deparar com bastões “single” de generosa dimensão na mão dos conquistadores do Mont Blanc, desde 1786 e seguintes, que pela sua dimensão e robustez permitiam até o auxílio na transposição de algumas crevasses e interajuda entre montanheiros. Uma designação aceitável para este bastão é “Alpenstock”, o longo e singular bastão que era utilizado tanto para evoluir em subidas de neve e rocha, como até em pequenos deslizes de arcaicos skis (bastão singular nos alpes, não na Escandinávia ou nas longas superfícies polares de 1912, onde o par de bastões sempre foi de rigor nórdico). Com a evolução do alpenstock para o Piolet do séc. XX, as dimensões continuavam a ser generosas, em redor do metro e meio, pelo que a sua utilização era mais como bastão do que propriamente como Piolet. No entanto, ao longo do século passado, as duas vertentes (Piolet e bastão) separaram-se definitivamente, com ambos os engenhos a diminuírem (no ski nunca existiram dúvidas quanto ao objetivo e utilização do duplo par de bastões). Em 1948 era fundada a casa Leki, que viria a dedicar-se quase em exclusividade à produção de bastões, não só para as várias vertentes de ski alpino e nórdico, mas também com um modelo de utilização já exclusivamente dedicado à montanha, telescópico, leve e resistente, o Leki Makalu, de 1974. Este bastão (e respetivo patrocínio) irá estar presente no cume do Everest, pela primeira vez sem oxigénio, concretizado por Messner e Peter Habeler, em 1988, que irá abrir uma nova página da ética e sofrimento montanheiro. Modelos atuais de bastões: ski de pista (uma das modalidades de ski alpino) – apesar de apresentar mais ou menos curvaturas ergonómicas, não se tem alterado assim tanto ao longo dos anos. Peça única, sem ponta de tungsténio; ski de travessia (outra modalidade alpina) – Geralmente tripartido, um pouco mais resistente que os de caminhada, por vezes com borracha no primeiro corpo, destinada a tração rebaixada do punho em pendentes laterais (rondelle final muito larga para neve primavera); ski de fundo (modalidade nórdica) – com um só corpo, longos para fundo clássico e muito longos no fundo “skating”, todos com uma pequena lâmina de remate final para penetração em gelo e uma meia-lua de borracha para tração inclinada (rondelle final, ou basket, em inglês); Nordik walking – de uma só peça ligeira, diâmetro reduzido ao mínimo, com punhos ergonómicos e fivela de grande envolvimento (dragonne). A ponteira tem geralmente uma terminação apenas em borracha, para alcatrão, parques urbanos, calçada, etc.; Marcha de Montanha: como diz uma amiga minha, all shapes and sizes… dos mais leves de carbono aos mais pesados com uma lâmina de Piolet integrada ou capacidade de transformação em sonda de avalanche. Carbono (uma só peça ou tripartidos) – os mais leves, mas também os mais frágeis. Muito utilizados em corrida de montanha e em provas de desporto aventura ou ultra-maluqueiras. Peso de referência 290 gramas o par (menos ainda se forem de uma só peça, 100 gramas). Evitar este tipo de modelo em montanha, pela sua fragilidade. Ter em conta que mesmo os de 3 peças são vendidos em modelo de tamanho pré-definido, com ressaltos de 10 cm (1,10 / 1,20 / 1,30). Em caso de dúvida, comprar o tamanho acima, para maior tração e descidas); 3 peças alumínio – Com ponta de tungsténio, fecho das peças por rotação do pivot interno ou por aperto de fecho (este mais resistente, mas mais pesado), podem chegar aos 600 gramas. Extras como o antishock ou a borracha larga no primeiro tramo aumentam a funcionalidade mas também o peso. Ideais para guardar na mochila em passagens mais delicadas, correspondem ao tamanho de uma mochila de dia quando fechados. Alguns modelos de dois tramos, como o Black Diamond SP 2, são especialmente resistentes e baratos, mas não permitem um fácil transporte em fechado. Geralmente são vendidos com duas “rondelles” para uso de verão ou de inverno. Pode considerar-se a opção de usar sem nenhuma. Escolha de tamanho: aqui começa a divagação dos textos técnicos. Com o tempo, o tamanho aconselhado tem vindo a crescer. O angulo aconselhado de 90 graus do cotovelo (ver foto da menina) é consensual, mas a fórmula de altura x 0,66 dá um resultado demasiado pequeno (1,20 para uma pessoa de 1,80 metros, quando deveria ser de 1,25). Em grandes altitudes ou frio intenso, o tamanho pode ser reduzido em 5 cm, de modo a que as mãos não fiquem acima da linha ideal de circulação sanguínea, evitando assim congelamento das extremidades. Também podem ser usadas luvas... Utilização: vamos ao que interessa e comecemos pelo final… em alta montanha, com neve e gelo, defendo a utilização de um Piolet e um bastão, sendo que o bastão pode ser sempre guardado quando o terreno se complique. Prevendo grandes descidas de moreias e caminhos pós glaciar, levar o par na mochila, em vez de apenas um. Os vossos joelhos agradecem no regresso. E aproveitamos para passar á discussão seguinte: se com terreno plano (e marcha calma, bem entendido) a diferença entre um ou dois bastões quase não se faça sentir, mal o terreno começa a empinar ou a velocidade a aumentar, logo as vantagens do par de bastões são evidentes, com maior capacidade de tração, equilíbrio, poder de travagem na descida, etc. Em relação à tração, ter em atenção o erro mais comum que se verifica na grande maioria dos utilizadores: numa subida, enquanto os bastões estão á frente dos vossos pés, estão apenas a passear. Nenhuma ação concreta consegue realizar o bastão até passar para trás e começar a “empurrar”, começando então a tracionar (exceto em terreno acidentado, em que o equilíbrio pode ser buscado em zonas distantes, na vossa frente ou lateral). Daí que um bastão correctamente utilizado deva ser ter uma inclinação de 45 graus com o terreno e também com o antebraço (se tiver o comprimento apropriado, grande para tração, formando um Z com o terreno e o antebraço). Esta inclinação de 45 graus deve ser constante, desde a recuperação do braço para a frente (em que o bico do bastão, sempre inclinado para trás, não ultrapassa a bota), passando pelo momento de cravar o solo (em que inicia de imediato a tração), durante toda a fase de tração (um passo inteiro), até à extensão final em que se solta do solo. Isto é a descrição do que ocorre no passo alternado, o mais natural para o ser humano, e em que um pé avança, ao mesmo tempo do punho e bastão contrário. Fazendo o paralelismo com o ski de fundo, esta passada alternada corresponde ao passo alternado “clássico” do ski de fundo, (apenas usado na atualidade em ski de manutenção ou competição de regras restritas). O outro passo possível, tanto no marchador como no skiador, é o passo do patinador, em que os bastões são ambos cravados no terreno ao mesmo tempo, e a tração em vez de durar um passo, dura dois a 3 passos, consoante a inclinação do terreno e a forma física do marchador. É mais rápido e muito mais cansativo. Bom para mostrar no caminho quem é o mais rápido (e também para acabar como os bofes de fora mais depressa). Recapitulando, passo alternado mais lento, passo do patinador mais cansativo (à falta de designação consensual, utiliza-se a do ski de fundo, há muito cristalizada que nem um floco de neve). No nordic walking utiliza-se o passo alternado, geralmente com ritmo suave, mas sempre com a inclinação de 45 graus dos bastões. Em terreno acidentado, difícil ou perigoso, pode ser útil esquecer as recomendações de tração acima descritas, e optar-se eventualmente por bastões ligeiramente mais curtos, sempre com posicionamentos mais estáveis, de equilíbrio ou segurança. Idem em passagem de rios, em que os bastões são de grande utilidade. Os bastões permitem alguma sensação de segurança, mesmo em terreno delicado e decomposto, com grande inclinação (ver foto de aproximação ao Cervino). Em descida, o tamanho dos bastões deve aumentar 5 cm, de modo a ir buscar o terreno ainda mais longe e começar a travar mais cedo, evitando assim os impactos e poupando joelhos e restantes articulações. Punho e correia de mão (dragonne): com o passar dos anos, os punhos têm vindo a sofisticar-se e a ganhar formas mais anatómicas. Atenção, que algumas acabam por ser pouco práticas e eficazes. As mais simples utilizam-se como uma dragonne de Piolet. E como se utiliza uma dragonne de Piolet, perguntam vocês? (isto se ainda não tiverem visto o desenho anexo): a mão entra de baixo para cima e aperta todo o conjunto, correia e punho. Assim se consegue a máxima tração. Atenção que em zonas sujeitas a avalanche as correias devem ir soltas do punho, o que faz com que alguns montanheiros praticamente nunca usem dragonne nos bastões, nomeadamente figuras ímpares, como eu próprio. Vantagens principais do uso de bastões: Poupança de articulações, coluna, etc.; Esforço genérico e perceptível menor; Maior capacidade de carga e de andamento (mochilas pesadas, botas rígidas); maior equilíbrio; maior capacidade de transpor rios e charcos; maior defesa em termos de “afundamento” na neve, quer pela distribuição de carga no terreno, quer pela diminuição das consequências de um “afundanço”; eventual atravessamento de bastões em início de queda em crevasses ou em charcos escondidos na neve; melhor e maior capacidade de travagem em descidas; Desvantagens do uso de bastões: Perda contínua das capacidades de equilíbrio em montanha, que se reflecte sobretudo em zonas em que não podem ser usados (arestas afiladas, passos de rocha, neve ou gelo com grande inclinação); Menor estímulo muscular e de reforço de cartilagens, importante sobretudo em jovens e atletas em fase de desenvolvimento de treino (não ter em conta em adultos de idade avançada ou de peso elevado); Propensão a congelamento das extremidades superiores (mãos) em zonas frias e sobretudo de grande altitude, sujeitas a hipoxia. Em resumo: treinem o uso de bastões, habituem-se gradualmente ao seu uso e /ou à implementação das estratégias de utilização acima descritas. As vossas articulações e coluna vão agradecer-vos daqui a uns anos! Fotos de Paulo Reis, Catherine de Freitas, OMD e RM

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Entidades desportivas reconhecidas em Cascais




Os parceiros do programa municipal de promoção desportiva "Desporto para Todos" foram esta quarta-feira, 17 de fevereiro, reconhecidos pela Câmara de Cascais, pelo empenho e dedicação por um concelho mais saudável.

Entidades desportivas reconhecidas em Cascais