domingo, 26 de junho de 2011

Santo António no Posets
























































































































Fomos 3 dias em autonomia e o plano inicial era subir por Eriste, alcançar o Posets, descer para o vale de Estós e subir o Perdiguero, com muitos kgs às costas!

Claro que era ambicioso e a grande dificuldade, para além do peso, veio-se a revelar, era descer a aresta do Posets que dava acesso directo ao glaciar de la Paúl, o nosso objectivo para alcançar o vale de Estós.

No primeiro dia foi a aproximação, tranquila. Ficámos sensivelmente a meio caminho, aos 2.600m, cerca de duas horas depois do Refúgio de Angel Orúz, num magnifico patamar de relva com um riacho ali bem perto.

No dia seguinte foi o ataque ao cume, via canal Fonda. Ataque é uma forma de dizer, ficaria melhor dizer o arrastar até ao cume, tal o lastro que levávamos às costas. Uma vez lá chegados, e consultado o mapa, ficámos literalmente perdidos, pois, seguindo as indicações do mapa, o caminho era sempre em frente, não tinha nada que enganar, mas o que os nossos olhos viam era uma muito, muito estreita aresta! A aresta era tão pequena que demorámos meia hora a tentar perceber o que havia de errado com o mapa. E ainda por cima com aquelas mochilas... nem pensar!

Vimos depois na net que aquela aresta costuma ser feita por pessoal muito experiente e batido naqueles picos, no sentido contrário, sem mochilas, e, em muitos sítios, de gatas!

De maneira que lá tivemos que dar meia volta e tornear o cume pela encosta, apalpando terreno na neve quase virgem, pois o caminho era tudo menos intuitivo e só umas pegadas na neve deixadas por alguém nos deu uma pista, pelo que decidimos segui-las. Mais à frente houve que fazer um destrepe, para conseguirmos aceder ao glaciar de Llardana.

Prosseguindo a marcha, já no glaciar, e seguindo sempre as pegadas (bendito Yeti!), fomos de encontro ao último obsctáculo, ainda a tal aresta. Havia que trepar/escalar uns 10 metros de rocha bastante decomposta para ter acesso ao glaciar de la Paúl, que nos levaria lá para
baixo. Um pouco improvisadamente, e sempre com o coração nas mãos (era impossível confiar naqueles pedregulhos!), lá conseguimos alcançar o topo, revelando-se os crampons bastante úteis na escalada! Depois foi só descer, descer, descer, glaciar abaixo... O desnível foi de cerca de 1.500m!

Entrados por fim no vale, já quase de noite, o objectivo era encontrar um sítio plano e com água perto para pernoitar, o que só conseguimos já passava das 22h00 e debaixo de chuva. O forte luar tornou, entretanto, a caminhada mais fácil e aprazível.

O último dia foi foi já de descompressão, vale abaixo, ao longo do rio. O vale de Estós é um dos vales mais bonitos dos Pirinéus e é um passeio muito agradável, se as botas tiverem mais que dois dias nos pés...



segunda-feira, 6 de junho de 2011

Tesourinhos de lata (mas com história)






Na sequência da Palestra Desnível sobre os anos 60, falou-se na criação do Grupo de Montanha do CCL (Clube de Campismo de Lisboa) e no papel que este desempenhou na consolidação do movimento de montanha na região de Lisboa.

Consegui recuperar o emblema deste grupo de montanha, com um design muito interessante, de cujo autor o Júlio Valente nos irá falar. Recuperei ainda outros 3, com menos interesse (CNM, iniciador e instrutor de alta montanha do CAF / FFM) este último oriundo de um curso de instrutores e de um encontro internacional de alpinistas de Julho de 1984, que ocorreram simultaneamente na ENSA (école nationale du ski et alpinisme, em Chamonix) dos quais voltaremos a falar, e em que participaram, entre outros, o José Pedro Lopes e o Paulo Alves (ver foto). Estas acções concretizaram-se graças a um protocolo CNM / CAF, que perdurou alguns anos.

Por fim, uma interessante e “vistosa” placa, para mim muito bonita, com cerca de 15 cm de altura, que foi entregue aos participantes no 1º Acampamento e 1ª Marcha Regional de Montanha, realizados a 11 e 12 de Outubro no Casal do Janota, uma pequena quinta localizada a Norte da aldeia de Cabanas de Torres, em plena Serra de Montejunto (quem se lembra do moinho do Rodolfo?). Este acampamento foi realizado sob a égide da Comissão de Actividades de Montanha, da FPCC (isso mesmo, campismo), comissão onde passaram, entre outros, o Carlos Teixeira, Perdigão, José Pedro Lopes, e eu próprio, Rogério Morais. A actividade teve um reduzido nº de participantes, dado o seu carácter regional (ficavam todos acampados dentro da quinta) e infelizmente os seus promotores não colocaram o ano na placa. Pergunto eu, quem sabe em que ano foi? Inícios de 80, seguramente, o mais tardar em 1986. Quem tenha registos, chegue-se à frente.

Em breve conto partilhar mais umas relíquias, infelizmente não dos anos 60, porque, como sabem, eu nem era nascido :)