terça-feira, 24 de novembro de 2009

Iniciar-se no Ski de Montanha ou de Fundo



por Rogério Morais

Portugal é um deserto para o Ski de Fundo e para o s
ki de Travessia. Sobretudo para o primeiro.
Se querem mesmo investir na modalidade, emigrem.
Aplicável a ambas as modalidades:

· Uma prática consistente em ski de pista ajuda muito, quer para o ski de fundo, quer para o ski de travessia, sendo quase obrigatório para este último.
· É mais fácil começar a praticar e a ter lições de ski de pista, do que as outras duas modalidades.
· A compra de material é quase impossível em Portugal. Ou em 2ª mão, aos 4 ou 5 praticantes que conheço, ou no estrangeiro. Uma vez na Decatlhon comprei uns skis de fundo para o meu puto mais pequeno, mas foi a única vez que vi algo a vender em Portugal.
Claro que as lojas podem encomendar… ou a Net.

· Locais não virtuais, bons para compra são, por ordem de preferência pessoal:
o Andorra e Pas de la Casa
o Madrid (el Rastro)

o Chamonix

o Paris

· Para iniciados, considerar sempre a compra em segunda mão. Em particular
, as lojas que se dedicam ao aluguer fazem com frequência renovações de stock e despacham o material que têm. Para o iniciado português, ter o ski “skating carve 2009” ou ter o ski paralelo 2006, vai dar quase ao mesmo. E gasta-se um terço.
· Atenção sempre à compatibilidade perfeita entre fixação
e bota. Modelos de anos diferentes podem não ser compatíveis. Algumas botas e fixações de travessia são universais. Algumas botas de pista podem desenrascar em fixações universais de Travessia.



Aplicável ao ski de fundo:
o O ski de fundo pratica-se em pistas de ski de fundo (com zonas traçadas e zonas de skating, lado a lado). Em Portugal não existe nenhuma, na Covatilla também não. As mais próximas são:
o Navacerrada, a 50 km de Madrid e a 650 de Lisboa o Sierra Nevada, a 750 km de Lisboa o Pas de la Casa, a 1400 km de Lisboa o Gavarnie, em anos de muita neve, a 1.400 km de Lisboa
o Nos dois locais acima alugam material de fundo.

o Com uns skis de fundo polivalentes e resistentes, é possível iniciação no planalto da serra da Estrela, por iniciativa própria. Foi assim que
eu comecei, há pouco mais de 25 anos, mas é duro (o chão é duro, que a neve passa rapidamente a gelo no planalto, a cabeça do fémur é dura, o cóccix é duro, tudo é duro…)
o Numa pista de ski de fundo, começar pelo passo alternado, e só depois de dominar este, passar para o skating.

o É possível a iniciação no ski de fundo sem saber nada de ski de pista, mas mais uma vez é duro… Depois ajuda bastante no ski de pista, é a boa notícia.


Aplicável ao ski de Travessia:

o Iniciem-se no ski de Pista

o Aperfeiçoem-se no ski de Pista
o Abordem Negras no ski de Pista.
o Depois iniciem
-se no ski de Travessia. Pode ser na Estrela. Preparem-se para investir no material (Botas de Travessia, skis de travessia, fixações, peles de foca, crampons de ski de travessia. A boa notícia é que os batons podem desnrascar os de pista… mas com rondeles grandes.
o Algumas botas e fixações de travessia são universais. Algumas botas de pista podem desenrascar em fixações universais de Travessia.

o Em Benasque alugam material de Travessia
e dão cursos. Em La Grave (Ecrins/ Oisans/ La Berarde) também. Aliás recomendo La Grave para o ski Hors Piste e mesmo Travessia (duas coisas ligeiramente diferentes, basicamente no Hors Piste os calões não querem subir).
o Melhores
locais para a travessia:
o Estre
la
o
Sierra de Bejar, ao lado da Covatilla o Guadarrama, ao lado da Navacerrada, a 50 km de Madrid
o Aneto
o Posets.
Espero ter ajudado a esclarecer algumas dúvidas,
e espero não vos ter empurrado definitivamente para a emigração.

PS – Estou ao dispor para dúvidas pontuais.

Rogério Morais

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

XPD Etapa 2: Lousã - Esporão - Loriga - Penhas da Saúde


A 1ª parte da Etapa 2 consistia num trekking de cerca de 45Km com 3370m de subida acumulada. Aqui segue mais um relato do Tiago:

"Para a nossa equipa a primeira secção foi bastante longa, cerca de 9 horas de caminhada. Tempo estável, nublado mas sem chuva, fresco, óptimo para actividade! Algumas equipas tiveram receio de fazer o BTT da secção seguinte à noite e fizeram a caminhada directamente até ao ponto de chegada fazendo apenas um CP. A etapa iniciou às 8h, as primeiras equipas eram esperadas por volta das 15h, mas às 11h todos na área de transição se surpreenderam quando a primeira equipa apareceu inesperadamente. Várias outras seguiram a mesma estratégia efectuando apenas um CP no caminho mais directo para área de transição, provocando algum alvoroço! Chegou a ser divertido ver o pânico dos assistentes a correr com bicicletas, comida e roupa de BTT! A equipa Desnível não teve medo do escuro e fez uma longa pedestre controlando 5 CP, deixando de lado apenas o bónus, uma estratégia muito arriscada na medida em que demorou demasiado tempo. Quando chegaram, já os primeiros, em tempo, andavam no BTT há 6 horas, aproveitando o sol!

No trekking, um dos CP era numa zona de escalada, em que dois elementos escalaram e dois deram segurança. Havia um outro num canyon, mas a esse não conseguiram chegar antes do tempo limite para efectuar a descida. Tratava-se de um canyon de 3 horas que fechou às 15h30 para não haver equipas a fazê-lo de noite. Chegaram bem dispostos, e famintos! Comeram bem, rápidamente trocaram de roupas e arrancaram nas bicicletas, com a metereologia a complicar-se bastante..."


As Secções 2 e 3 da 2ª Etapa consistiam numa prova de BTT de uns "meros" 103Km e 5770 m de subida e num treking de 41Km e 2500m de subida! O perfil da etapa pode ser visto nas imagens em baixo:


"Esperava-os uma secção de BTT duríssima, cerca de 100km com 5700m de desnível, pela noite dentro. O problema foi a deterioração das condições metereológicas com o final do dia. Terminaram a primeira secção (Esporão) já com o dia a acabar e a transição já foi feita com frontais. Arrefeceu muito, e caiu um nevoeiro cerradíssimo que não permitia ver mais de 3 metros. A equipa partiu, mas perante o cenário optaram por parar num refúgio na zona de Fajão onde repousaram durante 7 horas! O que parece ter sido uma enorme perda de tempo, acabou por revelar-se uma boa opção para uma equipa sem o objectico de vencer o campeonato. Para ter uma ideia da dureza das condições, cerca da 1 hora da madrugada, soube-se da primeira desistência. Ao longo da noite, a exigente travessia da Serra da Estrela foi fazendo "vitimas", e ao amanhecer da primeira noite de prova, havia já 6 desistências, 3 das quais eram equipas do top10 da classificação, e duas do top 3 - as equipas suecas, uma das quais foi campeã mundial em 2004. Apenas 5 equipas tinham feito todos os CP e bónus até ao inicio do Btt. Duas delas, as suecas, desistiram na chegada às Penhas da Saúde. É revelador..

No final desta etapa assumiram-se claramente os favoritos, a equipa americana da Nike, e os NeoZelandeses da Orion. Duas equipas espanholas mantém-se também na luta, a Buff e a Condor, esta última, sem o elemento feminino, foi a vencedora do III Raid Ranger recentemente realizado na zona do Douro onde a equipa Desnivel conquistou o titulo Ibérico em Elite Mista. Já começa a ser quase lugar comum dizê-lo, mas é incrivel como os espanhois têm atletas de topo, em todos os desportos...

Todas as equipas chegaram ao final da etapa a comentar a extrema dureza da noite que tinham passado, pela combinação dos declives "himalaicos", o nevoeiro o frio e em algumas zonas o vento forte.

Durante o dia, a maioria parou para dormir cerca de 4 horas, algumas menos. Só a Nike e a Orion, seguiram directamente para a etapa seguinte! Incrível!"


"Quanto à nossa equipa Desnível, apesar de terem estado parados 7 horas, é certo que foram os últimos, foram os únicos que não dormiram na chegada às Penhas da Saúde que aconteceu apenas 20 minutos depois das duas equipas anteriores, a brasileira e a costa-riquenha. É dificil de acreditar, mas é verdade, dormiram 7 horas, e mesmo assim ganharam tempo a várias equipas!

Chegaram às Penhas às 23h. A etapa seguinte iniciava com uma secção de Downhill em BTT. A equipa decidiu não fazer a descida de noite por razões de segurança, mas isso implicaria um atraso que poderia levar a não conseguir concluir a etapa dentro do tempo limite e ter de deslocar-se até ao inicio da etapa seguinte sem poder controlar pontos. Perante este cenário e não perdendo o objectivo de concluir a prova disfrutando as etapas, ficou deliberado saltar a etapa 3 e recomeçar a prova na 4ª etapa.

Dirigimo-nos assim para Vila Velha de Rodão onde pudemos tomar um banho retemperador e dormir comodamente, e onde nos encontramos todos neste momento, 4ª feira 12h, à espera que chegue a primeira equipa em prova, de acordo com o previsto no regulamento. As equipas vêm de Malpica do Tejo, na ultima secção da 3ª etapa, um percurso de 50km em Kayak. Prevê-se que as primeiras equipas, que não fazem todos os CP, cheguem por volta das 13h, cerca de 26 horas depois de terem saído das Penhas da Saúde!Terão pela frente 40km de trekking até Marvão, e depois 160km até Vila de Rei, onde terminará a 4ª etapa."


Fotografias e gráficos obtidos através do sitio oficial do XPD

Reporter XPD - I


O nosso reporter radical, Tiago Branco, conseguiu entre tarefas enviar-nos às tres horas desta madrugada um relato do que tem sido a prova desde o seu inicio. Leiamos então uma descrição quase na primeira pessoa!


"Boas!

Para saber do andamento da nossa equipa, teóricamente, o melhor seria o live tracking do google maps no site do XPD, isto se o emissor de GPS que anda com eles não tivesse ficado sem bateria!! Assim, no site eles estão parados desde as 7h30 de terça-feira! :)

A prova foi projectada para decorrer em 5 etapas cada uma delas constituída por várias secções que por sua vez têm check points (CP’s) que devem ser controlados. Os CP’s podem ser prioritários ou bónus. A classificação é feita ordenando as equipas por nº de cp’s prioritários, n.º de cp’s facultativos e tempo, por esta mesma ordem.

Resumidamente, a primeira etapa decorreu na zona de Cascais/Sintra acessível técnicamente mas desgastante tendo em conta o que os atletas tinham pela frente. Na óptica da organização era uma etapa de lazer, uma espécie de aquecimento, permitindo dinamizar a região e permitir desfrutar de trilhos épicos no panorama das corridas da aventura. Uma secção inicial muito eclética, composta por diversas actividades como surf, escalada, kayaksurf, petanca e jogo da malha entre outras, espalhadas em Cascais e no Estoril e sempre com carta militar. Cada uma tinha pontuação específica, e o objectivo era fazer uma escolha de modo a atingir 100 pontos e receber um CP bónus, ou seja, só alcançavel para as equipas a lutar pelo primeiro lugar, ou para as menos experientes neste tipo de gestão de esforço, como se veio a revelar mais cedo do que se pensava (desistencia de 6 equipas muito precocemente). É importante referir que este tipo de prova com bónus e em que os CP não são obrigatórios, não é habitual no estrangeiro, pelo que as equipas não estão rotinadas a fazer uma gestão da escolha de CP´s, o que representa um desafio extra.

O nosso capitão Miguel, em sintonia com os restantes elementos, decidiu logo no briefing não ir à secção denominada score 100 e foram directos para a segunda secção, uma etapa de cerca de 20km em patins em linha e tryke, da praia dos pescadores até ao campo de futebol da Malveira da Serra. Uma chuva míuda complicou um pouco, especialmente nas passadeiras que se revelaram muito escorregadias para os patins, de resto decorreu sem problemas! Ficou muito marcada uma enorme diferença na patinagem das equipas de topo, especialmente as nórdicas.


O resto do dia foi preenchido com mais três secções sem grande exigência ao nível da orientação; uma pedestre até à Peninha passando pela praia da Ursa, onde apanharam as bicicletas para descer ao Parque da Marmeleira em Murches e para depois continuarem em trekking, e assim terminar a primeira etapa em Cascais por volta das 17h.

O balanço foi positivo, todos terminaram bem, e os 5 CP’s prioritários da etapa foram atingidos. Só ficou de fora o bónus!

Depois de um banho retemperador em casa da Sílvia e de uma (fraca) injecção de hidratos de carbono da telepizza, arrancámos para a Lousã, onde começaria a segunda etapa.

Após um curto sono acantonado no ginásio da escola da Lousã, ainda mais curto para o Miguel que ficou a traçar percursos na resma de mapas (78 ao todo entre formatos A3 e A4).


A prova reiniciou no Castelo da Lousã onde se deu uma nova partida em massa, sempre muito animada, para a primeira etapa verdadeiramente dura da prova!

Esta etapa levou as equipas da Lousã às Penhas da Saúde em 3 secções. Primeiro uma secção pedestre até Esporão, depois em BTT até Loriga e a finalizar, uma caminhada (ou corrida para os que disputam os primeiros lugares) até às Penhas da Saúde. É deslumbrante assistir ao vivo ao ritmo das equipas de topo! Estiveram cerca de 30 horas em contínuo esforço e chegaram às Penhas da Saúde a correr! A maioria fez a primeira paragem nas Penhas para recarregar baterias, comer muito e dormir! É muito interessante assistir a toda a mecânica das equipas, desde a gestão do esforço, à nutrição, o equipamento, o material técnico, óbviamente há muitas diferenças! Desde os que têm 4 elementos de assistência, cozinhas ambulantes etc, aos que nem assistência têm, o que chega a ser comovente, vê-los chegar derreados a uma área e estarem por sua conta, enquanto outros têm tudo preparado até ao pormenor de ter gomos de laranja separados e o material com revisões integrais!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

XPD - Flash News 1

O Tiago Branco é o nosso repórter de serviço na prova e acabou de nos enviar noticias fresquinhas sob a participação da desnível! Segundo ele:

- A primeira noite de prova, Lousã - Penhas da Saúde, já fez com que seis equipas desistissem!!! A equipa desnivel acaba de chegar (14h40 10/11/09) a Loriga em Btt e prepara-se para iniciar o duro trek para as Penhas! Embora tenham sido a ultima equipa a chegar a este CP encontram-se animados e confiantes. A chegada às Penhas já deverá acontecer pela noite sendo que serão obrigados a pernoitar aqui antes de prosseguirem para a próxima secção.

Desnivel no XPD Race!

Miguel Fernandes, Silvia Araujo, Rui Miguel Rocha, José Tavares e Tiago Branco (assistência)

Começou no passado Domingo uma das provas mais duras realizadas em Portugal de corridas de Aventura. A desnivel tem o prazer de poder contar com a presença de uma equipa de 4 + 1 elementos que podem ver na fotografia em cima. Trata-se de uma verdadeira maratona que põe a exame todas as capacidades fisicas e animicas dos participantes durante aproximandamente 6 dias. As equipas têm de completar os 900 Kms de prova em 127 horas ininterruptas, utilizando o BTT, a corrida, o kayak, os patins e bem como a escalada

Acompanhem toda a prova no sitio oficial ou informações mais especificas da Equipa DEsnivel aqui pelo blog ou pelo seu sinal de gps (muito giro!!)!!

Vamos lá torcer por eles! Se quiserem deixem aqui as vossas mensagens de incentivo!